Há 24 anos, a Lavagem de Madeleine leva a força, a riqueza e a diversidade da cultura afro-brasileira para as ruas de Paris. Inspirado na tradicional Lavagem do Bonfim, em Salvador, o festival se tornou o maior e mais tradicional evento da cultura afro-brasileira na Europa, reunindo milhares de pessoas em um cortejo de música, dança e gastronomia que celebra a vida, a fé e a ancestralidade.
O evento nasceu em 2002, idealizado pelo artista brasileiro radicado na França, Roberto Chaves, o Robertinho, que trouxe para Paris a emoção e a espiritualidade da celebração baiana. Desde então, o festival cresceu e se consolidou como referência internacional da cultura afro-brasileira, atraindo artistas renomados, pais de santo vindos do Brasil e da Europa, grupos de samba, maracatu, capoeira e batucada.
Em 2024, mais de 60 mil pessoas participaram da festa, e a expectativa para 2025 é de um público ainda maior. Além de reunir multidões, a edição deste ano presta uma homenagem emocionante à cantora Preta Gil, que foi a primeira madrinha da Lavagem, e à jornalista Wanda Chase, reconhecendo suas trajetórias, suas parcerias com o evento e o legado que seguirá inspirando as próximas gerações da cultura e da comunicação.
Segundo Robertinho Chaves, multiartista, criador e organizador da Lavagem: “Não poderíamos deixar de destacar a importância de Preta Gil e Wanda Chase. Cada uma, em sua arte e em sua força, iluminaram caminhos, inspiraram gerações e fortaleceram a presença da cultura brasileira no mundo. Esta homenagem é um agradecimento pelo que elas fizeram e representam para nossa história e nossa memória.”
O ponto alto da programação acontece no dia 14 de setembro, a partir das 10h, quando milhares de pessoas se reúnem em clima de celebração na Place de la République para acompanhar o cortejo até a Igreja de Madeleine. O cortejo percorre 4 km até a igreja, embalado pelos ritmos das batucadas e maracatus, pela ginga da capoeira e pela energia do trio elétrico, que já levou nomes como Daniela Mercury, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Carlinhos Brown a transformar Paris em um verdadeiro carnaval baiano. No caminho, as baianas vestidas de branco, acompanhadas de um Babalorixá representante das religiões de matriz africana, conduzem a multidão em um cortejo de fé, tradição e resistência, que afirma a luta contra a intolerância e celebra a paz.
Chegando à Igreja de Madeleine, acontece a cerimônia simbólica de lavagem das escadarias. O momento reúne um padre e um pai de santo, que conduzem orações em francês e português, seguidas de cânticos do candomblé. Essa mistura de crenças e culturas transforma a procissão em uma experiência única de espiritualidade e sincretismo, emocionando brasileiros, franceses e turistas.
Além da dimensão religiosa e cultural, a Lavagem de Madeleine também é uma grande festa popular. Nas praças próximas à igreja são ofertadas comidas típicas brasileiras, em uma atmosfera que mistura sabores, sons e cores do Brasil.
Mais do que uma celebração, a Lavagem de Madeleine é uma referência internacional da cultura afro-brasileira, projetando tradições, memórias e diversidade para o mundo e consolidando-se como um evento de valorização da arte e da ancestralidade.
Com quase um quarto de século de história, o festival é um verdadeiro cartão-postal cultural do Brasil em Paris. Símbolo de fé, resistência e conexão entre povos, transforma a capital francesa em um palco vibrante, onde a cultura e a alegria do Brasil se encontram com o mundo.
Crédito: Ulysses Venturin